Quais desafios deve enfrentar? Como os catequetas entendem esse novo paradigma? Como isso pode contribuir para a prática catequética? Se uma reflexão em torno de um possível novo paradigma catequético avança, benefícios serão sentidos na prática catequética. Os catequistas do Brasil agradecem!
2. A mudança epocal e a necessidade de um novo paradigma catequético
Preocupados com a mudança epocal e conhecedores do processo catequético, catequetas do mundo inteiro esboçam algumas linhas gerais para um novo paradigma catequético, que responda aos anseios do homem pós-moderno, mantendo a fidelidade ao evangelho de Jesus Cristo e à tradição catequética da Igreja. Para eles, tanto a catequese dos catecismos de Trento como a catequese atual — esta, construída em bases antropológicas próprias da modernidade — já não se coadunam com os anseios do homem contemporâneo.
Se os dois modelos catequéticos ainda vigentes já não respondem às expectativas do homem e da mulher da pós-modernidade, urge traçar novo paradigma, ainda que isso seja arriscado. A boa-nova de Jesus Cristo, que cativou milhões de pessoas e seduziu tantos seguidores, não perdeu sua força. Somente ocorre que os moldes de seu anúncio já não encaixam no novo perfil de homem e mulher que ora se delineia.
E isso é fato notável. Não só na França, na Alemanha, na Bélgica, na Espanha, no Canadá — onde os documentos das Conferências Episcopais revelam com força maior essa preocupação —, mas também no Brasil, aonde a discussão chega ainda muito timidamente. O Censo de 2000[5] mostra que as Igrejas de cunho pentecostal crescem e ganham vitalidade, espaço, adeptos, enquanto a Igreja católica e outras Igrejas de índole mais histórica sofrem diminuição de fiéis e falta de pastores.
Fiéis buscam Igrejas que oferecem respostas mais consoantes com suas necessidades e expectativas. E mais: aumenta assustadoramente o número dos sem-religião. Talvez seja essa a maior surpresa do Censo 2000. São crentes a seu modo, não vinculados a nenhuma instituição; representavam 1% dos brasileiros vinte anos atrás e agora representam 7,3% da população (mais de 12 milhões de brasileiros).
Conclusão: os ensinamentos da Igreja, cuja voz ressoava unívoca até algum tempo atrás, já não encontram tanta acolhida no interior das pessoas. Não há diálogo com o mundo moderno; a voz da Igreja ecoa solitária sem encontrar resposta favorável no coração da humanidade. E a palavra de Deus que essa voz anuncia não encontra lugar para se aninhar, perdendo-se no vazio do frenesi da sociedade contemporânea.