Antigo e Novo Testamento. Revelação, a princípio repassada de forma oral, depois, registrada com os recursos próprios da época. Na abertura do mês dedicado à Bíblia, você conhece como se deu o processo de evolução dos registros das Sagradas Escrituras.
Milênios de história reunidos em um único livro. Exortações, parábolas, ensinamentos de sabedoria, rastros de culturas milenares. O livro das lutas, desobediências e conquistas do povo escolhido. O livro da revelação.
A fé cristã sustenta que Deus, autor e inspirador dos textos sagrados, sabiamente dispôs que o Novo Testamento estivesse escondido no Antigo. E o Antigo se tornasse plenamente claro no novo.
Para o biblista, Dom Enzo Cortese, “esta ideia do Novo Testamento é colocada em destaque, sobretudo, nos antigos profetas. Isaías já apresentava o futuro descendente de Davi. Assim se chega ao Novo Testamento”.
A história do povo de Deus começa com Abrãao, entre os séculos 19 e 17 a.C. O que se passou com Abrãao e os patriarcas, a princípio, começou a tomar corpo através da tradição oral – os filhos que ouviam dos pais as histórias de seus antepassados.
Os textos da Bíblia começaram a ser escritos desde os tempos anteriores a Moisés (1200 a.C). Escrever era uma arte rara e cara, privilegio de poucos.
No Monte Sinai (península montanhosa e desértica no Egito), Deus revela a Moisés os Dez Mandamentos, ele foi o primeiro codificador das leis e tradições orais e escritas de Israel. Os princípios vindos de Moisés se tornaram as bases do culto e da moral do povo.
“O Sinai se encontra no deserto e Deus fala no deserto. Um lugar que não pertence a ninguém, um lugar misterioso. O que significa Deus falar com seu povo? Falar com alguém é fazer com que ele exista, é isso que Deus procura”, afirma frei Frederico Manns, do Estúdio Bíblico Franciscano (Studium Biblicum Franciscanum), em Jerusalém.
Os autores, inspirados por Deus, redigiam os textos segundo sua mentalidade e em sua própria língua. Essas traduções foram registradas, primeiramente, em pedra. Em seguida, por longos séculos, os manuscritos foram transmitidos em papiro e depois em pergaminhos, que são feitos com peles de animais.
De acordo com o prof. Alberto Mello, do Estúdio Bíblico Franciscano, “o profeta é alguém que é capaz de sintonizar, com o atual sentimento de Deus, que pode ser de ira e de misericórdia. Duas coisas não muito distantes, porque a ira de Deus é uma tentativa de mostrar sua misericórdia”.
Depois de ter falado aos profetas, Deus então se manifesta ao homem de forma ainda mais íntima e direta, através do seu próprio Filho.
Jesus deixa ao seu povo narrações muito simples e seus discípulos transmitiram o testemunho de Sua vida no Evangelho. Desde o segundo século, a tradição da Igreja atribuiu como verídico os textos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
Os monges preservaram estes escritos até o advento da era moderna, quando iniciou o processo de impressão.
Johannes Gutenberg, inventor alemão,
foi o primeiro a produzir uma versão impressa da Bíblia no século XV.