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Desafios da catequese no cenário da pós-modernidade

Mas o tempo passou depressa. Parece que foi ainda ontem — mas mesmo ontem já é passado! Ainda que não seja passado tão remoto quanto a cristandade, a modernidade já não é o tempo presente. Ela deixou marcas indeléveis.

O ser humano foi tatuado com o selo da razão e isso parece ser algo que não se apaga. Mas esse ser humano da modernidade, mesmo com todo o crivo da razão, ainda tinha espaços para a fé cristã. Ainda levava em consideração a voz da Igreja, talvez porque a modernidade tenha chegado tardiamente ao Brasil.

Um ser profundamente marcado pela fé cristã ainda morava no recôndito da consciência moderna, tão sedenta de explicações!

2.3. O tempo que se chama hoje e o novo destinatário da catequese
Ora, se isso foi realidade na segunda metade do século XX, o novo milênio desponta, no entanto, sob a égide da secularização. A aurora anunciada é de abandono da fé cristã, apesar do ressurgimento do sagrado — também no cristianismo — que se observa.

Atravessamos um período de verdadeira recomposição espiritual. A atração pelo religioso, inclusive o cristão, não desapareceu, foi metamorfoseada. [Os batizados] já não se sentem cristãos da mesma maneira que antes; mas com uma diferença que aproveita as realidades religiosas disponíveis.

Cada indivíduo toma a liberdade de construir uma espécie de religião privada, livre de toda restrição institucional. Trata-se de uma fé mais nômade e imprecisa, que representa a dimensão mais livre da liberdade. É um fator de realização pessoal, que não está necessariamente orientado para a transcendência. A busca espiritual de muita gente fica reduzida a uma migração dentro de si mesmo.

Já não se respira aquele ar cristão nas famílias, nem mesmo em um país de maioria católica como o Brasil. Já não se pensa no formato católico. Desponta uma nova configuração social, com novo vocabulário e nova gramática religiosa. A sociedade já não se organiza em torno dos valores difundidos pela Igreja. Uma mudança de época também para o Brasil!

E o fato de uma pessoa se declarar católica — no Censo, por exemplo — não significa adesão à boa-nova de Jesus Cristo, muito menos aos ensinamentos da Igreja. Não quer dizer nem sequer frequência às liturgias e fidelidade à pratica sacramental da Igreja. Uma religião católica com novos contornos foi desenhada nos últimos anos: um catolicismo light, feito de diversificados elementos bem selecionados num amplo self-service da religião oferecido pela pós-modernidade.

Uma verdadeira bricolagem, minuciosamente bem-feita e com elementos por vezes contraditórios que, no entanto, se coadunam sem causar constrangimento: uma religião sem vínculos de pertença. Diz Clifford Geertz: “A religião tornou-se cada vez mais — torna-se cada vez mais — um objeto flutuante, desprovido de toda ancoragem social em uma tradição pregnante ou em instituições estabelecidas”.

Diante dessa mudança epocal, a Igreja percebe a urgência de anunciar a boa-nova de Jesus Cristo de forma que ela seja de novo crível. Observa a CNBB:

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