Existência e ação do demônio O demônio existe. A Sagrada Escritura fala dele desde o primeiro até o último dos livros revelados: do Gênesis ao Apocalipse. Na parábola do trigo e do joio, o Senhor afirma que a má semente, cuja finalidade é sufocar o trigo, foi lançada pelo inimigo2. Na parábola do semeador, vem o Maligno e arranca o que se tinha semeado3.
Alguns, inclinados a um otimismo superficial, pensam que o mal é meramente uma imperfeição incidental num mundo em contínua evolução a caminho de dias melhores. Não obstante, a história do homem sofre a influência do demônio.
Podemos ver nos nossos dias manifestações de uma intensa malícia que não se explica unicamente pela ação do homem. O demônio, de formas muito diversas, causa estragos na humanidade. Não há dúvida de que “através de toda a história humana, existe uma dura batalha contra o poder das trevas, e essa batalha, iniciada nas origens do mundo, durará, como diz o Senhor, até o último dia”4.
Pode-se, pois, dizer que o demônio “provoca numerosos danos de natureza espiritual e até, indiretamente, de natureza física, tanto nos indivíduos como na sociedade”5.
A ação do demônio é misteriosa, real e eficaz. Desde os primeiros séculos, os cristãos tiveram consciência dessa atividade diabólica. São Pedro prevenia os primeiros cristãos: Sede sóbrios e vigiai. O vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé6.
Com Jesus Cristo, o poder do demônio reduziu-se consideravelmente, pois Ele “nos libertou do poder de Satanás”7. Graças à obra redentora de Cristo, o demônio só pode causar verdadeiros danos a quem livremente lho permitir, consentindo no mal e afastando-se de Deus.
O Senhor manifesta-se em numerosas passagens do Evangelho como vencedor do demônio, livrando muitos infelizes da possessão diabólica. NEle está posta toda a nossa confiança, pois Ele não permite que sejamos tentados acima das nossas forças.
Portanto, ninguém peca por necessidade. Consideremos com profundidade, nesta Quaresma, o que isso significa.
II. O DEMÔNIO é um ser pessoal, real e concreto, de natureza espiritual e invisível, que, pelo seu pecado, se afastou de Deus para sempre, “porque o diabo e os outros demônios foram criados por Deus naturalmente bons; mas eles, por si mesmos, se tornaram maus”. Ele é o pai da mentira10, do pecado, da discórdia, da desgraça, do ódio, do absurdo e do mal que há em toda a terra.