Mas o poder do demônio é limitado, e também ele está sob o domínio e a soberania de Deus, que é o único Senhor do universo.
O demônio – como também o anjo – não chega a penetrar na nossa intimidade, se nós não o queremos. “Os espíritos imundos não podem conhecer a natureza dos nossos pensamentos. Só lhes é dado pressenti-los por indícios sensíveis, ou então examinando as nossas disposições, as nossas palavras ou as coisas para as quais percebem que nos inclinamos.
É-lhes totalmente inacessível o que não exteriorizamos e permanece oculto nas nossas almas. Mesmo os pensamentos que eles próprios nos sugerem, a acolhida que lhes damos, a reação que provocam em nós, nada disso o conhecem pela própria essência da alma […], mas, quando muito, pelos movimentos e manifestações externas”.
O demônio não pode violentar a nossa liberdade a fim de incliná-la para o mal. “É um fato certo que o demônio não pode seduzir ninguém, a não ser os que lhe prestam o consentimento da sua vontade”. O santo Cura d’Ars diz que “o demônio é um grande cão acorrentado que arremete, que faz muito barulho, mas que só morde os que se aproximam dele em demasia”.
No entanto, “nenhum poder humano pode ser comparado ao seu, e somente o poder divino o pode vencer e somente a luz divina pode desmascarar as suas artimanhas. A alma que queira vencer a potência do demônio não o poderá conseguir sem oração, nem poderá entender os seus enganos sem mortificação e sem humildade”.
III. OS ATOS DOS APÓSTOLOS resumem a vida de Cristo com estas palavras: Ele passou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio. E São João, referindo-se ao motivo da Encarnação, explica: Para isso veio o Filho de Deus, para desfazer as obras do demônio.
Cristo é o verdadeiro vencedor do demônio: Agora será lançado fora o príncipe deste mundo, dirá Jesus na Última Ceia, poucas horas antes da Paixão. Deus “decide entrar na história humana de um modo novo e definitivo, enviando o seu Filho, na nossa carne, a fim de por Ele arrancar os homens do poder das trevas e de Satanás”.
Não obstante, o demônio continua a deter certo poder sobre o mundo, na medida em que os homens rejeitam os frutos da Redenção. Exerce o seu domínio sobre aqueles que, de uma forma ou de outra, se entregam voluntariamente a ele, preferindo o reino das trevas ao reino da graça. Por isso não nos devemos surpreender se tantas vezes vemos triunfar o mal e ser lesada a justiça.
Deve dar-nos uma grande confiança saber que o Senhor nos deixou muitos meios para vencer e para viver no mundo com a paz e a alegria de um bom cristão. Entre esses meios contam-se a oração, a mortificação, a freqüente recepção da Sagrada Eucaristia e a Confissão, bem como o amor à Virgem Maria. Com Nossa Senhora caminhamos sempre seguros.
O uso da água benta é também uma proteção eficaz contra a ação do demônio. “Perguntas-me por que te recomendo sempre, com tanto empenho, o uso diário da água benta. – Podia dar-te muitas razões. Bastará, com certeza, esta da Santa de Ávila: «De nenhuma coisa fogem tanto os demônios, para não voltar, como da água benta»”25.