É doutrina de fé católica que os sacramentos são sete, foram todos instituídos por Cristo – o Sacramento primordial do Pai – e a Igreja os ministra, de modo válido e lícito, até hoje.
Os sacramentos são sete: o Batismo redime do pecado original e dos atuais, se houver (no caso de adultos), bem como dá a quem é batizado o Espírito Santo (cf. At 2,38) – São Paulo desenvolve bem essa doutrina em Rm 6,1-11; a Crisma ou Confirmação do Batismo aparece em At 8,14-17; a Eucaristia é atestada pelos Evangelhos (cf. Mt 26,26-28; Mc 14,22-24; Lc 22,19-20) e celebrada já nas primeiras comunidades cristãs (cf. 1Cor 11,23-27); a Reconciliação está fundamentada sobretudo em Jo 20,21-23, mas também em Mt 9,8; a Unção dos Enfermos tem sua base em Tg 5,14-15; a Ordem aparece em At 6,17; 13,3; 1Tm 4,14; 5,22; 2Tm 1,6 e o Matrimônio, prática pré-cristã, é restaurado por Cristo, em sua originalidade, conforme Mt 19,3-9; Mc 10,2-9 (cf. ainda: 1Cor 7,39; Ef 5,21-33; Cl 3,18-25).
Cristo, Deus e Homem verdadeiro (n’Ele há uma só pessoa, a divina, que é eterna; mas duas naturezas: a divina, d’Ele desde sempre, e a humana, assumida na plenitude dos tempos, no ventre de Maria, cf. Gl 4,4) santificou pelo Seu contato tudo o que é humano. Seus gestos, bem como os fatos de Sua vida são mistérios salvadores ou redentores. Portanto, grande Sacramento (portador de uma realidade sobre humana) em sentido amplo (os sete sacramentos o são em sentido estrito ou próprio). Daí o esquema: Cristo → suas ações divino-humanas → sinais sacramentais → graça → cristão.
A Igreja os ministra, de modo válido e lícito, até hoje: a função salvadora do Senhor Jesus, como vimos no parágrafo anterior, continua na Igreja, Seu Corpo místico prolongado na História (cf. 1Cl 12,24; 1 Cor 12,12-21), e é consumado em cada um dos sete sacramentos citados. Assim, em sentido amplo, a Igreja, como o Senhor Jesus, é também sacramento, canal transmissor da graça divina.
Um sacramento é válido quando atinge sua finalidade: o sacerdote, em nome de Deus, perdoa os pecados e o penitente é, realmente, perdoado. É lícito se está de acordo com a Lei moral ou canônica: o bispo católico pode sagrar – ordenar –, de modo válido e lícito, bispo um sacerdote escolhido pelo Papa; no entanto, se sagrar um padre sem mandato pontifício, age de modo válido, mas ilícito.
Outros pontos que consigo tratar neste artigo são sobre o caráter, os chamados sacramentos dos vivos e os dos mortos (no sentido espiritual, pois alguém morto, biologicamente, não pode mais receber sacramento algum) e a respeito da ação ex opere operato de cada sacramento.
Alguns sacramentos imprimem caráter: são eles o Batismo, a Crisma e a Ordem. Caráter é um sinal distintivo, marca ou “selo espiritual” impresso na alma humana de modo inapagável ou indestrutível, como é indestrutível essa própria alma. Daí ser recebido uma só vez, pois sua “marca” nunca se extingue.
Os sacramentos dos mortos são dois, o Batismo e a Penitência (Confissão). Supõem uma alma sem vida, caída no pecado, mas que entra na (ou volta à) graça divina. Já os sacramentos dos vivos são os outros cinco: a Crisma, a Eucaristia, a Unção dos Enfermos, a Ordem e o Matrimônio. Supõem a alma em estado de graça (que com a recepção do sacramento é aumentada) para recebê-los.
Cada sacramento age ex opere operato, ou seja, de modo objetivo ou em virtude do próprio rito, porque ao sinal visível (à água do Batismo, por exemplo) Deus une a sua poderosa graça invisível. No entanto, não há nada de mágico aí, pois a objetividade dos sacramentos requer disposições subjetivas de quem os recebe: nos sacramentos dos mortos, a fé e a penitência e no dos vivos, a graça santificante. Até a próxima!
Padre Bruno Roberto Rossi, Paróquia São Francisco de Assis