25.5 C
Ceilândia
Outros assuntos

Desafios da catequese no cenário da pós-modernidade

A onda secularizante da cultura moderna, a falência das utopias sustentadas pelas promessas do Iluminismo e a força desagregadora do processo de globalização, balizado por critérios puramente econômicos, voltados para o consumo, geraram um vazio tal, de esperança e de valores, que a missão de evangelizar nos aparece cada vez mais como a urgência das urgências.

Ou, como afirmou Nery: “Já não é mais possível continuar ingenuamente nos restos de cristandade que ainda há entre nós, da fé como social, um costume da família, como parte do fato de ser brasileiro”.

É hora de assumir o novo sujeito social, destinatário da boa-nova: alguém a quem é preciso propor a boa-nova como força para viver, sem rebaixar o que essa Palavra tem de abrupta e desconcertante. Já é tempo de fazer conhecer aos homens e mulheres de nosso tempo “o frescor da boa-nova de Jesus Cristo, para além das sombras e barreiras que a têm desvirtuado”.

3. Uma catequese evangelizadora
Se o destinatário da catequese ainda não conhece a boa-nova de Jesus Cristo e não atentou para a sua força transformadora, tornam-se urgentes algumas tarefas às quais a reflexão catequética não se pode furtar:

a) Aprofundar a necessidade do caráter evangelizador da catequese em tempos de pós-cristandade

Parece tautológico falar de catequese evangelizadora. Toda catequese certamente é evangelizadora, assim como toda evangelização catequiza. Essas duas ações da Igreja estão intrinsecamente unidas e de tal forma entrelaçadas que é difícil distingui-las e defini-las separadamente. Mas há que admitir que, ao longo da história da Igreja, à evangelização foi atribuída a tarefa do primeiro anúncio e à catequese a missão de aprofundar a vivência cristã.

Com o passar do tempo, a prática catequética empenhou-se em dar a conhecer a doutrina católica e ajudar o catequizando a viver nos moldes da ética cristã. Isso pode ser facilmente observado nos manuais catequéticos: quase nada da boa-nova central da fé e muito de mandamentos, sacramentos e doutrina. Foi observando essa realidade que surgiu a expressão “catequese evangelizadora”: um pleonasmo necessário diante da realidade de manutenção da fé que a catequese foi assumindo.

Trata-se, então, de compreender a catequese como evangelização, um desafio posto pela pós-cristandade. Como sugere Alberich, partindo de “um olhar realista e esperançoso, sem nostalgias do passado”, os tempos atuais exigem da catequese uma dimensão evangelizadora, de primeiro anúncio para os que não conhecem ainda o evangelho de Jesus, apesar de já serem batizados.

Eis o primeiro problema: reconhecer que, na estrutura pastoral tradicional da Igreja, a evangelização sempre se apresenta como algo muito secundário — uma tarefa esquecida. Povoa nossa cabeça a compreensão de que a evangelização tem como destinatários os não cristãos, que entre nós seriam bem poucos! A evangelização parece oportuna para terras de missões, o que não seria o caso do Brasil atualmente, com sua maioria absoluta católica.

Acontece, porém, que o fato de os destinatários da catequese serem — quase sempre — pessoas batizadas não garante que elas sejam evangelizadas. Partir desse pressuposto seria falsear uma realidade que se impõe a olhos nus. Não é preciso muito esforço para perceber que se quebrou o espelho da cristandade, onde o sujeito crente se via como tal por incorporação numa cultura cristã.

Reconstituir esse vidro não traz de volta o espelho intacto. O máximo que poderia fazer é apresentar um mosaico com as mesmas peças, mas a imagem refletida é fragmentada, torta, múltipla, sem feições de um autêntico crente: um monstro marcado pela deformação de sua figura genuína.

Postagens relacionadas

Fidelidade é a Seguradora da JMJ Lisboa 2023

Eraldo

Ser catequista é viver, testemunhar e fazer comunhão

Lua

Dona Glória, brusquense que é catequista há 60 anos

Eraldo

Deixe um comentário

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais

Politica de privacidade & Cookies
×