O Catecismo da Igreja Católica (n. 1324), retomando a constituição dogmática Lumen Gentium (n. 11), do Concílio Vaticano II, declara que “a Eucaristia é fonte e cume de toda a vida cristã”. Este foi inclusive o tema da XI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, realizado em 2005, dois anos após a publicação da encíclica do Papa João Paulo II sobre a Igreja que vive da Eucaristia (Ecclesia de Eucharistia). Naquela ocasião, a Igreja refletiu sobre a Eucaristia como fonte e ápice da vida e da missão da Igreja, sacramento da nova aliança, dom a ser descoberto constantemente, mistério de fé proclamado.
É inegável, portanto, a centralidade da Eucaristia na vida da Igreja. Para reforçar essa certeza, o Papa Francisco dedicou seu vídeo do mês exatamente a esse sacramento, convidando-nos a rezar “para que os católicos ponham no centro de suas vidas a celebração da Eucaristia, que transforma as relações humanas e abre ao encontro com Deus e com os irmãos”. O Papa sublinhou que na Eucaristia “é Cristo que se oferece, que se dá por nós, que nos convida para que a nossa vida seja alimentada por Ele e alimente a vida de nossos irmãos; a celebração da Eucaristia é um encontro com Jesus ressuscitado e, ao mesmo tempo, uma forma de nos abrirmos ao mundo, como Ele nos ensinou”.
O convite do Papa para refletirmos sobre a importância da Eucaristia e da nossa participação na liturgia surge em um momento muito significativo. Em primeiro lugar porque o período de pandemia questionou fortemente a Igreja sobre o sentido da “presença” e da “participação” nos sacramentos. Quão importante é o “encontro” e a “comunhão” que o Papa menciona na sua intenção de oração do mês? Na vida de fé é fundamental, por isso somos exortados por Francisco a promover sempre mais a participação ativa e comprometida na celebração da Eucaristia, pois somente assim somos transformados e alimentados por Cristo que se doa em corpo e sangue. A pandemia nos afastou dos templos e nos fez repensar sobre os fundamentos da nossa fé e vida eclesial. É momento de retornar à vida comunitária plena, restabelecendo os laços de comunhão que nos caracterizam como irmãos e irmãs na fé.
O segundo motivo que revela a pertinência do tema apresentado pelo Papa é a celebração dos 60 anos da aprovação da Sacrosanctum concilium, que provocou uma verdadeira “revolução” na liturgia. No dia 4 de dezembro de 1963, o documento foi aprovado, sem controvérsias, com 2147 votos a favor e apenas 4 contra. A renovação da Liturgia era uma exigência unânime, fruto das transformações trazidas pelo movimento litúrgico iniciado no final do século XIX, que resgatou elementos da Escritura, da origem do Cristianismo e da Tradição da Igreja, dando à Liturgia um estatuto teológico e revelando toda a sua riqueza.
A promulgação dessa constituição conciliar foi um marco na vida da Igreja, fundamental para a promoção e desenvolvimento da Liturgia e da Eucaristia. Devolveu-se à Liturgia a verdadeira importância e centralidade na vida cristã, pois é a mais perfeita expressão do mistério de Cristo e da nossa união com Deus, como reforçou o Papa Francisco no seu vídeo do mês. O Concílio mostrou-nos que a liturgia é o momento privilegiado de encontro com Deus, ensinou a valorizar e redescobrir o valor da Palavra e da Eucaristia; e a importância da oração e do silêncio, da reflexão bíblica, da força que vem da Eucaristia. Portanto vale à pena reler e aprofundar a Sacrosanctum concilium, intensificando assim a nossa comunhão com o Papa na sua intenção de oração de julho.
Irmão Darlei Zanon – Religioso Paulino