As estruturas atuais da Igreja não favorecem uma catequese missionária. A pastoral de conservação debilita radicalmente a ação catequética. A Igreja, ainda hoje, vive como se estivesse no regime de cristandade (ALBERICH, 2013, p. 71), no centro do mundo orientando sua rotação. Quem está no centro faz o convite e espera que os ouvintes venham para acolher o que se tem a dizer (SANDER, 2015, p. 137). Contudo, o mundo pós-moderno, secularizado, indiferente ao cristianismo, não gira mais em torno da fé cristã e não admite mais esta geografia pastoral. Agentes evangelizadores, catequistas e ministros da Igreja, cuja missão é anunciar Jesus Cristo, não podem mais esperar que os contemporâneos venham à procura da fé.
São inúmeras as periferias existenciais que ainda precisam ouvir a boa nova ou aguardam um novo recomeço. Não é nessas periferias existenciais que a Igreja deveria estar? Para que sua presença seja efetiva nesses ambientes, é imprescindível um processo de descentralização, de abertura, de diálogo.
As diversas áreas e momentos do processo evangelizador (ação missionária, ação catecumenal, ação pastoral, presença e ação no mundo) devem ser encaradas com seriedade. A percepção da necessidade urgente da evangelização põe em xeque o estilo tradicional da pastoral intraeclesial. Abre-se o vasto mundo da missão, pois é muito flagrante o divórcio entre fé e vida e a desproporção entre a massa dos fiéis oficialmente cristãos e a verdadeira dimensão da comunidade cristã (ALBERICH, 2013, p. 74-75).
O cristão de hoje é chamado a estar no coração do mundo e nele anunciar a fé e dar testemunho do Cristo Ressuscitado. A catequese deve ser o espaço no qual ressoa a mensagem de Jesus a seus discípulos: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos” (Mt 28,19-20). Se a Igreja se debruça sobre si mesma, com medo do mundo e de seus desafios, nega-se a anunciar o Evangelho a todas as pessoas (Mc 16,15). Mas não é sua missão essencial?
Cumpre lembrar que, se a evangelização foi redescoberta como “a missão essencial da Igreja”, “a graça e a vocação própria da Igreja, sua identidade mais profunda” (EN n. 14), a catequese participa da mesma dignidade e importância, como momento vinculado, de forma essencial, ao dinamismo da evangelização. Sendo anúncio e aprofundamento da mensagem evangélica para o amadurecimento da fé, a catequese encontra-se no próprio coração da missão eclesial, instrumento da existência da Igreja como sacramento do Reino (ALBERICH, 2013, p. 99).
A catequese “encontra-se no próprio coração da missão eclesial” (ALBERICH, 2013, p. 99). Também ela deve se colocar em estado de saída: saída das formas herdadas de transmissão da fé, saída das estruturas eclesiais para ir ao encontro daqueles que vivem nas periferias existenciais e que aguardam ansiosamente a boa nova da libertação. Quando a Igreja se fecha em si mesma, enclausurando-se nos seus comodismos sem se atentar para as necessidades e realidades atuais, trai a sua vocação missionária.
2 A CATEQUESE COMO PROCESSO PERMANENTE DE TRANSMISSÃO DA FÈ