Durante muitos séculos a catequese se configurou como curso preparatório para a primeira comunhão e a crisma. Cabia a ela burilar a fé que os catequizandos traziam da família e da sociedade. Com a secularização, a fé cristã foi exculturada e a catequese – se quer ser fiel ao projeto evangelizador da Igreja – precisa se reinventar. Trata-se de uma verdadeira conversão catequética e não apenas de uma remodelagem do paradigma tradicional, que ainda permanece vivo nas comunidades eclesiais. De curso para recepção dos sacramentos, a catequese deve passar a um processo permanente de evangelização e acompanhamento dos cristãos; uma verdadeira tarefa missionária que exige da Igreja saída de si mesma e de seu lugar de conforto.
No coração dessa catequese, encontra-se a Palavra de Deus – não um livro ou um texto de oráculos religiosos – mas uma palavra viva e eficaz que é dirigida a todo homem e a toda mulher de todos os tempos. Deus, que nos falou por meio de seu Filho Jesus Cristo, continua interpelando nossos contemporâneos à comunhão com ele e é tarefa da catequese propor e facilitar esse diálogo. Por meio de revisão bibliográfica, especialmente de peritos da atualidade, a catequese é repensada de modo a enxergar suas próprias luzes e sombras.
O pontapé inicial é o resgate dos aspectos evangelizador e missionário da catequese, que exigem um processo continuado de transmissão da fé, capaz de proporcionar verdadeiro encontro com o Cristo e não somente de oferecer conteúdos religiosos a fim de preparar para os sacramentos.
INTRODUÇÃO
O processo de iniciação cristã encontra-se em crise e exige da catequese profunda revisão e transformação. Essa mudança não diz respeito apenas à didática dos encontros catequéticos ou aos métodos usados para transmitir a fé cristã. Trata-se de uma mudança mais radical, pois não só a linguagem e os métodos catequéticos envelheceram e caducaram, mas hoje é colocado em xeque o próprio conteúdo da fé cristã. A boa nova da salvação em Cristo foi reduzida a um conjunto de normas e preceitos, dogmas e definições de fé, que não falam mais ao coração humano.