Aspiração mais profunda do coração humano é viver uma vida em plenitude e para sempre: dom sagrado – protegido por Deus – a vida é o maior presente de Deus. Apalpamos sua presença amorosa em tantas manifestações de nosso convívio humano: família, amigos, companheiros de fé, colegas de trabalho, vizinhos. Um reflexo de sua presença amorosa o percebemos na alegria do amor dos esposos, no bulício e brincadeiras das crianças, no idealismo dos adolescentes e jovens, no exemplo dos heróis da caridade e dos que lutam por um mundo mais humano e solidário. A nossa vida humana pode se comparar às duas caras de uma moeda: sorrisos e lágrimas.
Pano de fundo da filosofia moderna é o existencialismo ateu: preconiza a vinda de um super-homem e a morte de Deus. “A vida – segundo estes profetas de desventura, J. F. Sartre, A. Camus, F. Nietzche – é um absurdo niilista, uma paixão inútil, uma náusea; uma má noite, numa má pousada”. No entanto, Deus enviou seu Filho para elevar e eternizar a vida humana: ela se torna plena e digna de ser vivida, na medida em que fazemos dela um dom para os outros, partilhando com eles tudo o que temos: “Quem não vive para servir, não serve para viver”.
“O maior enigma da vida humana – diz o Concílio Vaticano 2ª – é a morte. O homem sofre com a dor e a desintegração progressiva do corpo”. “Deus não fez a morte – afirma o livro da Sabedoria – nem se alegra com a destruição dos viventes”. “Em Cristo, – a Igreja, na oração pelos defuntos – brilhou para nós a esperança de uma feliz ressurreição” A vida não termina com a morte, transforma-se: como o grão de trigo morre para dar frutos abundantes, assim, a vida humana, terminado o seu itinerário terreno, transforma-se em vida nova e eterna.
Cristo prometeu: ”Vou preparar um lugar, para que onde eu estiver estejais vós também”. Ele morreu e ressuscitou para nos dar vida e vida em plenitude. A esperança cristã de uma vida perene fundamenta-se, assim, na ressurreição de Cristo. Uma doutora americana, psiquiatra, Elisabeth Ross, escreveu no seu livro “Sobre a Morte e o Morrer”: “Entre os muitos pacientes, que eu atendi, somente aqueles que tinham uma fé viva em Deus mostraram uma invejável serenidade perante a morte”. Graças a Cristo ressuscitado, o homem não é um ser para a morte, mas para a vida, desde agora e para sempre.
“O nosso Deus não é um Deus dos mortos, mas dos vivos” – afirma Jesus. A morte não tem a última, mas a penúltima palavra. “O Espírito de Deus – diz o apóstolo Paulo – que ressuscitou Jesus dos mortos, dará vida aos nossos corpos mortais, pois este mesmo Espírito habita em nós”. A Igreja proclama na celebração pelos defuntos: “Como todos morrem em Adão, assim, todos em Cristo terão a vida”. O nosso corpo, também, será revestido, um dia, na inauguração do mundo novo, no final dos tempos, de uma esplêndida veste de glória imortal: “semeado corruptível ressuscitará corpo incorruptível” – diz São Paulo.
Padre Erensto Ascione
Missionário Comboniano