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Sacramento não é serviço de compra e venda, diz pároco

Cidade do Vaticano: A Paróquia São Pedro, que fica no coração de Porto Alegre/RS, comemora em 2019 os seus 100 anos de presença evangélica e, segundo Pe. Luciano Massullo, procura viver o centenário, “não como uma data de museu mas com um reavivamento da chama do Evangelho” na vida comunitária.

Pelo seu caráter tradicional, a São Pedro já teve a maior frequência da comunidade, mas como todas as outras paróquias, tem perdido muito em participação. Ao viver um contexto paroquial bastante urbano, numa das cidades mais secularizadas do Brasil, a procura acontece normalmente para celebrar sacramentos, sobretudo o do Matrimônio, pela beleza do templo, afirma Pe. Luciano.

O maior desafio hoje, então, de ser pároco local, é conseguir levar a palavra de Deus e o testemunho do Evangelho em meio a uma comunidade “que às vezes se mostra indiferente a tudo isso”.

“Penso que o maior desafio em nossos dias é conseguir traduzir o Evangelho, a Boa Nova e aquilo que a Igreja quer ser para a sociedade que vem nos procurar nas realidade paroquiais, com a ideia de comprar alguma coisa, comprar um serviço religioso: então eu venho comprar um sacramento, seja do batismo, eucaristia, matrimônio, e eu tenho que transformar esse desejo de compra num desejo de aproximação do Senhor e conseguir traduzir isso pra eles.

Esse é o desafio. Porque eu posso também vender o produto: eles vêm comprar e eu poderia vender o produto. Eles vêm, pagam pelo sacramento, recebem o sacramento e vão embora felizes. Mas essa não é a missão da Igreja! Nós temos uma missão muito maior do que essa! Sabemos que é uma realidade triste, mas na mentalidade de muitas pessoas perpassa essa ideia – talvez até construída por nós; quem sabe nós tenhamos construído isso ao longo dos séculos de que o sacramento é alguma coisa que se compra e que alguém está vendendo o sacramento.”

“A iniciação à vida cristã não se faz de um dia para o outro. Como nós não queremos encarar esse processo como uma simples catequese – alguém que começa a ser iniciado, será iniciado a vida inteira – não será em 2-3-4 anos. Então, a gente espera que com o tempo isso possa repercutir na vida das famílias.”

O pároco enaltece o desafio dos dias de hoje de reverter essa ideia de compra e venda de um sacramento. E uma vez existindo a reaproximação com a Igreja, fazer com “queiram estar conosco e se sintam animados em ser cristãos”.

A Paróquia São Pedro auxilia nesse processo, trabalhando com casais jovens e com a própria juventude, mas especialmente seguindo o desafio pastoral da arquidiocese que é a Iniciação à Vida Cristã. Pe. Luciano acrescenta que as atividades consistem em resgatar a comunidade através do Batismo, da Eucaristia e do sacramento da Crisma, “não como catequese, mas como um percurso que aproxima as pessoas do Evangelho”. O trabalho faz parte do empenho da Igreja no Brasil em implantar a Iniciação à Vida Cristã envolvendo toda a comunidade evangelizadora.

“A resposta ainda é lenta, como os próprios bispos no Brasil, a partir daquele documento em que convida toda a Igreja a retomar o processo de iniciação à vida cristã, é um processo que levará anos para surtir efeito. Por quê? Porque a iniciação à vida cristã não se faz de um dia para o outro. Como nós não queremos encarar esse processo como uma simples catequese – alguém que começa a ser iniciado, será iniciado a vida inteira – não será em 2-3-4 anos.

Então, a gente espera que com o tempo isso possa repercutir na vida das famílias. Iniciarmos os jovens e as crianças mas, ao mesmo tempo, fazermos com que as família que estão por trás dessas crianças e jovens. 

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