25.5 C
Ceilândia
Sacramento da Reconciliacao
Sete Sacramentos

O Sacramento da reconciliação

85 / 100

A correta interpretação teológica cristã de ser pecador começa quando a pessoa se encontra com a certeza de que “Deus é amor” (1Jo 4,8). Tal hermenêutica não se satisfaz com a análise do sentimento de culpa. Vai além da dimensão meramente psicológica. Consegue mostrar que, diante do “não” do ser humano (a experiência de pecado), há um “sim” perene, pronunciado por Deus em Jesus Cristo (a salvação).

Nesse sentido, então, o pecado pode ser considerado, metaforicamente, a “porta” de acesso ao sacramento da reconciliação, onde “Deus não se cansa de estender a mão” (MV 19). Para muitos, infelizmente, esse caminho de retorno libertador a Deus parece ficar fechado. E as razões são diversas.

A dificuldade de aceitar existencialmente como pecado pessoal algo estipulado como tal nos questionários dos exames de consciência tem levado, entre outras razões, a uma queda bem notável na prática do sacramento da penitência, mesmo por parte de pessoas que antigamente se confessavam com frequência. Houve um esvaziamento da concepção antiga de pecado, ainda que muitas vezes não percebido, que não foi preenchido por uma visão mais real, mais autêntica, mais exigente. Não menos funesta tem sido uma benignidade sentimental dos confessores, que confundem compreensão, abertura, com o minimizar da realidade tremenda do pecado. Outros não menos esclarecidos continuam atormentando as consciências com uma casuística que corresponde a uma visão do homem de outra época (LIBANIO, 1976, p. 22).

Na Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, o papa Francisco ressalta, entre outras coisas, a urgência de renovado empenho na celebração do sacramento da reconciliação. Tal empenho exige confessores prontos para ser “sempre e por todo lado, em cada situação e apesar de tudo, o sinal do primado da misericórdia” (MV 17), para que, no sacramento da reconciliação, o pranto do pecado se transforme, verdadeiramente, na alegria da conversão.

  1. A conversão: porta de saída do sacramento da reconciliação

 Não basta entrar no sacramento da reconciliação pela porta do pecado. É necessário sair pela porta da conversão.

Não é totalmente ausente da mentalidade cristã contemporânea uma compreensão grosso modo legalista da conversão […]. O momento celebrativo sacramental precisa se inserir numa continuidade de atenção espiritual e pastoral no qual se traduza o cuidado para uma conversão real e profunda, o cuidado para um contínuo aprofundamento da vida de e, igualmente, para um contínuo afinamento da sensibilidade ética e da capacidade de escolha moral positiva (BASTIANEL, 1990, p. 147, tradução nossa).

É útil recuperar o sentido bíblico da conversão. Para o Antigo Testamento, converter-se é muito mais do que reconhecer o próprio pecado e arrepender-se. Significa, positivamente, dirigir-se para Javé. Comporta a obediência à sua Lei e à voz de seus profetas, fugindo da idolatria. Afinal, consiste em restabelecer a aliança rompida com uma resposta livre do ser humano ao convite generoso de Javé, o primeiro que se converteu à humanidade (cf. MARCHETTI-SALVATORI, 2012, p. 605). Não há dúvida: a conversão se realiza por meio da saída de si mesmo.

O perigo básico de nossa vida consiste em girarmos demais ao redor de nós mesmos, apenas nos perguntando o que a vida pode nos dar. Assim, as coisas sempre se concentram em nós e em nosso bem-estar. Para Jesus, esse é um caminho equivocado que leva a um beco sem saída (GRÜN, 2006, p. 59).

Postagens relacionadas

Matrimônio na ausência de fé é válido?

Diocese siciliana proíbe padrinhos de batismo e crisma

Eraldo

Sacramento não é serviço de compra e venda, diz pároco

Carregando....

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais

Politica de privacidade & Cookies
×