Com razão se considera a liturgia como o exercício da função sacerdotal de Jesus Cristo. Nela, mediante sinais sensíveis e no modo próprio de cada qual, significa-se e realiza-se a santificação dos homens e é exercido o culto público integral pelo corpo Místico de Jesus Cristo, isto é, pela cabeça e pelos membros. Portanto, qualquer celebração litúrgica, enquanto obra de Cristo Sacerdote e do seu corpo que é a Igreja, é acção sagrada por excelência e nenhuma outra acção da Igreja a iguala em eficácia com o mesmo título e no mesmo grau” (9).
A LITURGIA COMO FONTE DE VIDA
1071. Obra de Cristo, a Liturgia é também uma acção da sua Igreja. Ela realiza e manifesta a Igreja como sinal visível da comunhão de Deus e dos homens por Cristo; empenha os fiéis na vida nova da comunidade, e implica uma participação «consciente, activa e frutuosa» de todos (10).
1072. «A liturgia não esgota toda a acção da Igreja» (11). Deve ser precedida pela evangelização, pela fé e pela conversão, e só então pode produzir os seus frutos na vida dos fiéis: a vida nova segundo o Espírito, o empenhamento na missão da Igreja e o serviço da sua unidade.
ORAÇÃO E LITURGIA
1073. A liturgia é também participação na oração de Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo. Nela, toda a oração cristã encontra a sua fonte e o seu termo. Pela liturgia, o homem interior lança raízes e alicerça-se no «grande amor com que o Pai nos amou» (Ef 2, 4), em seu Filho bem-amado. É a mesma «maravilha de Deus» que é vivida e interiorizada por toda a oração, «em todo o tempo, no Espírito» (Ef 6, 18).
CATEQUESE E LITURGIA
1074. «A liturgia é simultaneamente o cume para o qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde dimana toda a sua força» (13). É, portanto, o lugar privilegiado da catequese do Povo de Deus. «A catequese está intrinsecamente ligada a toda a acção litúrgica e sacramental, pois é nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, que Jesus Cristo age em plenitude, em ordem à transformação dos homens» (14).
1075. A catequese litúrgica visa introduzir no mistério de Cristo (ela é «mistagogia»), partindo do visível para o invisível, do significante para o significado, dos «sacramentos» para os «mistérios». Tal catequese compete aos catecismos locais e regionais; o presente catecismo, que deseja colocar-se ao serviço de toda a Igreja na diversidade dos seus ritos e das suas culturas (15) apresentará o que é fundamental e comum a toda a Igreja a respeito da liturgia, enquanto mistério e enquanto celebração (Primeira Secção), e depois, dos sete sacramentos e sacramentais (Segunda Secção).
1. Cf. Ef 3, 4.
2. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 5: AAS 56 (1964) 99.
3. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 2: AAS 56 (1964) 97-98.
4. Cf. Jo 17, 4
5. Cf. Act 13, 2: Lc 1, 23.
6. Cf. Rm 15, 16; Fl 2, 14-17.30.
7. Cf. Rm 15, 27; 2 Cor 9, 12; Fl 2, 25.
8. Cf. Heb 8, 2.6.
9. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 7: AAS 56 (1964) 101.
10. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 11: AAS 56 (1964) 103.
11. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 9: AAS 56 (1964) 101.
12. Cf. Ef 3, 16-17.
13. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 10: AAS 56 (1964) 102.
14. João Paulo II, Ex. Ap. Catechesi tradendae, 23: AAS 71 (1979) 1296.
15. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 3-4: AAS 56 (1964) 98.