É o início de uma grande caminhada na qual Jesus demonstra seu afastamento das instâncias detentoras do poder, cujos agentes o vigiam, o perseguem e o ameaçam até condená-lo à morte. Nada, porém, o afasta do serviço assumido com convicção junto aos empobrecidos, abraçando a misericórdia como princípio orientador de seus ensinamentos e de sua prática. Por isso, não se submete ao sistema legalista judaico nem satisfaz as expectativas populares de um messianismo triunfalista.
Presença solidária e libertadora
Os relatos evangélicos ilustram, muitas vezes com detalhes, a postura solidária e misericordiosa de Jesus de Nazaré. Movimenta-se com seus discípulos como peregrino portador da graça de vida e de salvação para todos; aproveita os espaços e os momentos, tornando-os propícios para a propagação da proposta do Reino de Deus, de amor, justiça e paz.
- Nas sinagogas
A primeira ação de libertação de Jesus, conforme o Evangelho de Marcos (1,21-28), acontece na sinagoga de Cafarnaum, local que ele deve ter frequentado desde jovem. Portanto, conhecia muito bem o conteúdo dos ensinamentos dos escribas e as consequências na vida do povo. As regras do sistema religioso de pureza mantinham a pessoa sob a pressão de obrigatoriedade como forma de pertença ao povo santo de Deus. A maioria sentia-se excluída por impossibilidade de cumpri-las. Aquele ser humano sem nome, atormentado por um espírito impuro, é a figura representativa de todos os que eram considerados impuros: doentes, paralíticos, estrangeiros, mulheres, pobres…