O Diácono espanhol, São Vicente, é o mártir mais célebre da Península Ibérica. Um século após o seu martírio Santo Agostinho dedicava-lhe o dia 22 e nesse dia, fazia um sermão sobre ele. Os atos de seu martírio, em grande parte apócrifos, têm também muita verdade.
Nasceu sob Diocleciano, esteve preso em Valência, foi processado junto com seu bispo diante do governador Daciano e, em Valência mesmo, sofreu o martírio. Estas lacônicas notícias são preenchidas com os coloridos dos atos. O bispo de Saragoza não era um pregador, era um pouco gago.
Providencialmente apareceu Vicente, com bastante cultura e muita facilidade de expressão. Ordenado diácono, Vicente foi encarregado da pregação do Evangelho. Explodia a cruel perseguição por todo o Império Romano. Em Valência o governador Daciano mandou prender os mais célebres representantes, os líderes da Igreja espanhola. Com seu bispo foi obrigado a ir a pé, de Saragoza até Valência. Não sucumbiu.
Chegando à presença do governador refutou-lhe as acusações e ainda expôs-lhe a mensagem evangélica. O governador ordenou que fosse torturado. O diácono de Saragoza, todo ferido e inchado, foi atirado a uma cela escura, cujo piso estava forrado de cacos de vidro para atormentá-lo. Vicente, porém, com voz forte entoava hinos de agradecimento a Deus.
O governador para rebaixá-lo ordenou que o colocassem numa cama muito confortável, mas ele estava morto. Jogaram seu corpo para ser comido pelos animais selvagens. Uma grande água não deixava os animais se aproximarem.
Daciano então fez jogarem seu corpo no rio depois de tê-lo amarrado a uma pedra. O corpo não afundou. Voltou à margem e os cristãos o sepultaram. No local os cristãos erigiram-lhe uma igreja como túmulo.