Agosto: mês vocacional. Dedicado à reflexão e oração sobre as diferentes vocações, o mês de agosto é o desdobramento do IVº Domingo da Páscoa, que a Igreja celebra o “Dia Mundial de Oração pelas Vocações”. Quatro são as vocações de especial consagração, que a Igreja celebra, neste mês: vocação à vida sacerdotal, à vida matrimonial, à vida religiosa consagrada e à vida dos leigos engajados. Agosto é o oitavo mês do ano: na Bíblia, o número 8 significa “novo começo”. A circuncisão ocorria no 8º dia; Davi é o 8º filho de Jessé; o leproso foi purificado no 8º dia; as primícias eram trazidas no 8º dia; a Transfiguração e a Ressurreição aconteceram no 8º dia.
O homem não é o autor de sua vocação: é Deus que chama, de uma forma insubstituível, a cada ser humano. A vocação tem um sentido amplo: se aplica a toda profissão humana, como médico, professor, lavrador, comerciante, jornalista, advogado, dona de casa, operário, vida social. É a resposta a um chamado: servir a sociedade algumas de suas necessidades. No sentido estreito, a vocação brota da descoberta de sermos amados por Deus, Jesus Cristo, e do desejo irreprimível de não poder guardar para si esta alegria inefável, mas, de levá-la aos outros, amando e servindo, na evangelização ou no serviço de caridade.
Abraão, pastor de rebanho, nômade, é o protótipo dos homens “chamados”. Tendo recebido “o chamado”, passa a viver de um novo ideal: consagrar sua vida ao seu povo. Também, Moisés ouviu a voz de Deus, para uma tarefa libertadora, à qual ele se entregou com total dedicação. O jovem Samuel ouviu o chamado de Deus, para o serviço do Templo.
Lucas situa a vocação dos primeiros discípulos no quadro da atuação de Jesus à beira do lago de Genezaré. Mais do que uma crônica, o evangelista escreve um texto profético, de uma profundidade e de um significado impressionante. Rejeitado por Israel, Cristo decide – “depois de uma longa noite de oração” – conforme noticía Lucas – ”sobre o monte” – formar um novo povo, o seu povo: “Constituiu Doze – diz Marcos – para estarem com ele e para enviá-los a proclamar a Boa-Nova e terem autoridade pra expulsarem os demônios”.
Jesus chama Doze, entre a multidão dos discípulos, porque Doze eram as tribos de Israel: eles representam o novo povo de Deus. A missão de Cristo continua, assim, na missão de seus discípulos. O Concilio Vaticano II e os Sínodos dos Bispos de 1987 e de 2024 afirmaram claramente: todos os cristãos são “discípulos-missionários”. Pois o apostolado não é uma “concessão” da hierarquia – uma tarefa, reservada ao clero e aos religiosos – mas, competência e dever de todos quantos receberam a consagração batismal e envio crismal.
Todos os cristãos são, assim, habilitados, para anunciar, no mundo de hoje, o mundo novo do Reino de Cristo, pois “nosso mundo atual – diz papa Paulo VIº – necessita redescobrir a riqueza e beleza de sua fé e a alegria do Evangelho, para que a todos cheque a mensagem de vida e esperança de Jesus Cristo”.