Catequese e Homoafetividade: É inegável o pensar de muitos sobre certo ostracismo da abordagem catequética da Igreja Católica acerca da questão da diversidade, no que se refere à homoafetividade. Há quem prime pelo discurso fundamentado na escrita do Magistério e da Palavra de Deus. Dizendo-se defensor da Sã Doutrina. Nada de errado nisto, se esta não fosse uma abordagem engessada na “letra”.
Desconsiderando a humanidade que o viés demanda. Trata-se de vidas humanas, às quais, a apologética – pura e simples – compreende desconsiderar as várias complexidades inerentes ao tema e à pessoa humana. Não se pode entender a vida como um conjunto de regras a ser observado. Aliás, o fundamento existencial dos preceitos, religiosos ou sociais, é tornar-se uma guia mestra para o caminhar humano.
Nossa vocação primeira é a felicidade. As leis estão ao serviço da felicidade e não o contrário. Recebemos da Inspiração Bíblica e dos conselhos do Santo Magistério direcionamentos para o bem viver, de forma que não nos coloquemos em condições, sob as quais, a vida se faça ameaçada. A Lei está ao serviço da preservação da vida. Portanto, ao fazer apologética, não se pode perder a perspectiva da caridade. Em tudo devemos pautar esta máxima. Também quando tratamos do que se refere à sexualidade.
Nos últimos tempos, a Igreja tem se debruçado em reflexão teológica e pastoral sobre o que se refere às relações homoafetivas. Há quem queira um total desprendimento de séculos de Magistério, propondo uma revolução permissiva. Há outros que “torcem o nariz” diante de qualquer tentativa de atualizar o Magistério, como vimos recentemente a recepção da Declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé: Fiducia Supplicans. “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra“. Qualquer tentativa radical e extremista está fadada ao fracasso.
Sabemos que a Igreja é santa, mas seus membros são pecadores. Somos todos falhos, humanos, frágeis e precisamos da misericórdia de Deus. “Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele”, já dizia São Paulo (1Cor 12,26). Portanto, enxergar a questão desses grupos de forma engessada é, no mínimo, injusto. E mais: será que aqueles que se dizem apologetas e defensores da Sã Doutrina, de fato, conhecem o que defendem? Ou ficam repetindo fragmentos de textos Bíblicos ou do Catecismo da Igreja Católica, sem lhes aplicar a devida hermenêutica e atualização necessárias?