“Domina cada vez mais, em muitos países americanos, um sistema conhecido como ‘neoliberalismo’; sistema este que, apoiado numa concepção economicista do homem, considera o lucro e as leis de mercado como parâmetros absolutos com prejuízo da dignidade e do respeito da pessoa e do povo. Por vezes, esse sistema transformou-se numa justificação ideológica de algumas atitudes e modos de agir no campo social e político que provocam a marginalização dos mais fracos. De fato, os pobres são sempre mais numerosos, vítimas de determinadas políticas e estruturas frequentemente injustas”.
Aceitar a Deus como Pai, com coração de Mãe, nos orienta a retomar os valores fundamentais do Reino, anunciado por Jesus de Nazaré, visando a salvar a vida dos seres humanos e da própria natureza, pois este sistema neoliberal, com seu projeto de desenvolvimento econômico, compromete a vida das pessoas bem como a vida do planeta. Por isso, temos de enfrentar a batalha dos valores. A luta pela ética da solidariedade é fundamental. Devemos buscar a globalização solidária e ecológica, vivendo e relançando os valores fundamentais da vida como a gratuidade, a solidariedade e a partilha, marcas profundas da presença do Reino de Deus no nosso meio.
Nossa atitude deve ser de muita esperança, contra toda desesperança, pois somos chamados a construir a nova cidade (cf. Is 65,17-25; Ap 21,1-7), onde não haverá lágrimas nem dor: “Na nova cidade, Deus estará entre nós, e toda a vez que dois ou três se reunirem em nome de Jesus, ele já estará entre nós. Na nova cidade, todas as lágrimas serão enxugadas, mas toda a vez que as pessoas comerem o pão e beberem o vinho em sua memória, o sorriso aparecerá em seus semblantes tensos.
Mas toda a vez que os muros das prisões forem derrubados, a pobreza será dispersada e as feridas serão cuidadosamente curadas, a terra desgastada já dará lugar a uma nova terra. Através da ação solidária, o que é velho não será mais velho, e a dor não mais será dor. Apesar de ainda estarmos na expectativa, os primeiros sinais de uma nova terra e de um novo céu, que já nos foram prometidos e pelos quais aspiramos, já se tornam visíveis na comunidade da fé, em que o Deus misericordioso se revela. Este é o fundamento da nossa fé, da nossa esperança, e a fonte do nosso amor”.
Não podemos entender a chegada do milênio como se algo acontecesse num passe de mágica. Devemos trabalhar para antecipá-lo na nossa vida de cada dia, retomando a prática de Jesus e sua mensagem, que nos ensinam a ver Deus Pai, com coração de Mãe, que quer que todos(as) desfrutem a beleza da vida e a ternura do amor. O milênio começa a cada dia!