Uma diocese católica em Michigan (EUA) instruiu seus padres a negar o batismo, a crisma e outros sacramentos a pessoas transgênero e não binárias, a menos que elas “se “arrependam”. Esta é a primeira diocese nos Estados Unidos a emitir uma política tão abrangente sobre aqueles que se identificam com um gênero diferente do sexo atribuído no nascimento.
A orientação emitida pela Diocese de Marquette também estipula que as pessoas trans não podem receber a comunhão, que os católicos acreditam ser o corpo e o sangue literal de Jesus Cristo. Na maioria das circunstâncias, eles não podem receber a unção de enfermos, que se destina a fornecer cura física ou espiritual àqueles que estão gravemente enfermos. A orientação foi emitida em julho, mas apenas recentemente gerou um debate depois que um padre proeminente e defensor dos católicos LGBTQ a compartilhou no Twitter, de acordo com o “Washington Post”.
“A experiência de incongruência na identidade sexual de uma pessoa não é pecaminosa se não surgir do livre arbítrio da pessoa, nem seria um obstáculo à iniciação cristã”, diz o documento. “No entanto, comportamentos deliberados, livremente escolhidos e manifestos para redefinir o sexo de uma pessoa constituem tal obstáculo”, completa.
Como a Igreja Católica batiza principalmente crianças, a política da Diocese de Marquette provavelmente impactará principalmente adultos não católicos que buscam o batismo na Igreja Católica, adolescentes transgêneros que se preparam para a crisma e filhos de migrantes católicos que não foram batizados quando crianças porque seus pais estavam frequentemente em movimento, em busca de oportunidades para entrar nos EAA, entre outras razões possíveis.
A reação pode levar a um conflito crescente entre a Igreja, que ensina que as pessoas devem aceitar seu sexo designado no nascimento, e uma geração mais jovem com maior probabilidade de se identificar como algo diferente de cisgênero e menos probabilidade de acreditar que ser transgênero é moralmente errado. Um em cada 6 adultos na Geração Z se identifica como LGBTQ, de acordo com dados da pesquisa divulgados pela Gallup em fevereiro. E esse número pode continuar crescendo.
Embora outras dioceses tenham divulgado orientações sobre pessoas trans, vários especialistas disseram acreditar que Marquette é a primeira a negar o acesso ao batismo e à crisma. Essa decisão vem na ausência de orientação significativa do Vaticano ou dos EUA. A Conferência dos Bispos Católicos pouco falou sobre as pessoas trans e os sacramentos. A orientação mais próxima vem na forma de um documento de 2019 da Congregação para a Educação Católica do Vaticano, que diz que as pessoas devem ser tratadas com o sexo que lhes foi atribuído no nascimento.
2 comentários
A diocese está correta. Por que instituições seculares têm de se adequar aos anseios da geração jovem? Se o cara se sente uma mulher, uma canequinha ou um clip de papel, é problema dele, mas não ache que é certo a Igreja aceitar isso. Simples assim. Não é nem questão de moralidade, apenas.
Concordo João, mais a Igreja também não pode descartar essa pessoas que por algum motivo tem esses…. Afinal Jesus não descartou ninguem, alias Ele proprio disse que veio para aqueles “parias da sociedade”.
Se Jesus não abandonou ninguem, porque a Igreja que ele criou faria isso.