Nos primórdios da Igreja, núcleo central da pregação apostólica era o “quêrigma”: a intervenção salvífica de Deus, seu Filho, na história humana. Ao anúncio, de que Deus ama o homem e convida-o para a fé, à amizade e à adoção filial, fazia séquito a conversão e, com a conversão, a catequese, para aprofundar a fé e entrar contacto pessoal com Jesus de Nazaré, o Deus feito Homem. Surgiram, também, textos escritos a suporto da catequese: a Didaqué, as epístolas de Paulo e os próprios Evangelhos.
O Concílio Apostólico – celebrado Jerusalém, no ano 49 – separou a comunidade cristã do Templo: “Eram perseverantes – anota Lucas nos Atos – no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Entre eles, ninguém passava necessidades”. Apesar das perseguições, os Apóstolos conseguiram elaborar o “Credo”, articular o “Ano litúrgico” e estruturar o “catecumenato”: período de preparação de três anos para o Batismo, que era celebrado uma vez por ano, na Vigília Pascal.
“Catequese” – do greco, “Katekeo”, – “fazer ressoar aos ouvidos” – era o período de formação à vida cristã. No ano 313, o imperador Constantino, reconhecendo a força do cristianismo, com o Edito de Milão, concedeu liberdade à Igreja. No ano 380, outro imperador, Teodósio, com o Edito de Tessalônica, impressionado pela riqueza e beleza da fé cristã, declarou o cristianismo “religião de Estado”, proibindo os cultos pagãos. A sociedade, tornando-se, como por encanto, toda cristã, acabou por dispensar, o “catecumenato”, considerando-o desnecessário.
Com a cristandade, desapareceram, assim, as estruturas e as instituições de catequese, quer de crianças, quer de adultos. Devoções, família e tradições populares se tornaram os novos lugares, no processo de transmissão da fé às novas gerações. A partir do século XVI, com a Idade Moderna e a forte influência do iluminismo, nasceu a era dos catecismos, caracterizados pela clareza e a exatidão das fórmulas doutrinais. O Concílio de Trento (1545-1563) publicou o “Catecismo Romano”; famoso o de São Pio X (1835-1914), “Catecismo da Doutrina Cristã”, feito de perguntas e respostas.
O Concílio Vaticano IIº, um dos maiores eventos do século XXº, trouxe, também, uma grande renovação na catequese: o depósito sagrado da fé foi guardado, aprofundado e apresentado de forma mais aderente aos tempos modernos: de “simples instrução”, a catequese se tornou “educação permanente da fé”. O Decreto “Ad Gentes” – sobre a Igreja missionária – restaurou o “catecumenato”, por ser: “a iniciação à vida cristã não mera exposição de dogmas ou preceitos, mas, uma educação para a vida cristã, um crescimento, no conhecimento e no amor a Jesus Cristo”.
Comemorando os 30 anos de abertura do Concílio Vaticano IIº, Papa João Paulo II publicou o “Catecismo da Igreja Católica”, articulado 4 partes: Credo, Sacramentos, Vida Cristã e Oração. Exposição orgânica e completa do “depósito da fé”, que a Igreja recebeu de Cristo e guardou intacto ao logo de 20 séculos. Os catequistas e os formadores da opinião pública, são, hoje, desafiados a colaborar com a Igreja, na sua missão de fazer penetrar o Evangelho nas estruturas e organização da nossa sociedade.