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Ceilândia
Pe. Ernesto

A experiência de um sacerdote em uma pequena comunidade

O início da oração do Congresso Eucarístico Nacional (CEN), onde diz que o Senhor não nos deixa caminhar sozinhos é algo que se realizou na minha vida. No meio da escuridão que passa a nossa sociedade, não foi diferente comigo.

Foi através de uma “pequena comunidade” que o Senhor veio ao meu encontro. Vivia numa vida sem sentido, não participava da Igreja e nada dentro da estrutura que era proporcionada me chamava a atenção, tudo pelo contrário, se apresentava para mim o cumprimento de coisas que não respondiam as minhas indagações.

 Eu estava afastado da verdade, por vários motivos. Um deles e o mais importante é que eu vivia num ambiente familiar dentro de uma divisão muito grande. Essa realidade levou-me a não acreditar que Deus olhara a minha situação e da minha família. Vivia dentro de uma ruptura interna. Escutava falar de Deus, mas não o via em lugar nenhum.

A experiência de entrar em uma comunidade me ajudou a criar confiança e, um dos primeiros frutos que experimentei foi me sentir amado por aqueles irmãos que o Senhor colocou na minha vida. O sentir-se amado para mim foi um dos acontecimentos mais importantes, pois eu não acreditava na existência do amor por viver numa realidade destruída.

Como acreditar que o amor existia se dentro da minha casa eu não encontrava amor? Tudo o contrário, via a divisão, as brigas, e uma realidade que proporcionava um afastamento cada vez maior da Igreja. Essa desarmonia que eu vivia externa e internamente me levou a romper com tudo, a entrar num profundo individualismo. Pensava somente em mim, em construir uma vida diferente daquela que me era proporcionada, sem contar com aquele que eu escutava falar de Deus.

Vida cristã é vida em comunidade. Uma comunidade que se concretizou em pessoas que começaram a me conhecer e se deixaram conhecer. Aqui desapareceram todos os preconceitos, todos nós estávamos e estamos ali para ser salvos de uma realidade de falta de vida. Assim posso confirmar o que diz o texto base do CEN: “A presença salvadora de Cristo não ficou presa ao passado”.

Veio ao meu encontro através de um carisma suscitado pelo Concílio Vaticano II, que tem me resgatado da morte através do anuncio da Palavra de Deus, que aos poucos vai se realizando na minha vida e na minha comunidade.

Esta caminhada nos convida todos os dias a um seguimento sempre mais radical a Cristo – nos casais da minha comunidade no sentido da abertura a vida, na paternidade responsável em educar os filhos na fé da Igreja, nos jovens em buscar um namoro santo, o respeito aos idosos, etc. Depois de uma longa caminhada posso afirmar que a comunidade tornou-se para mim uma verdadeira família, onde aparecem os carismas e onde tem confirmado dentro de mim o chamado a ser padre.

Não consigo imaginar a minha vida, ou até mesmo a minha vida sacerdotal sem ter uma comunidade, onde posso colocar a realidade que estou vivendo, onde os irmãos conhecem as minhas precariedades, rezam por mim e estão em missão comigo, pois somos membros de um único corpo que é Cristo, no qual somos alimentados pelo mesmo alimento, a Eucaristia, que nos dá força de estarmos juntos e de cada vez mais ir aprofundando o amor entre nós.

Esta comunidade não é uma realidade fechada em si mesma, mas os frutos, os missionários, o trabalho dos irmãos na Paróquia demonstram que nós só podemos dar amor, entregar a nossa vida pelo anúncio do Evangelho depois de termos tido um encontro com Cristo dentro da nossa realidade, que brota a prontidão de irmos em busca de pessoas que estão fora da Igreja ou que se encontram sem sentido para viver.

Pe. Alessander Capalbo
Pároco

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