24.5 C
Ceilândia
IgrejaOutros assuntos

Papa inicia ciclo de catequeses sobre a paixão pela evangelização

67 / 100

O Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses na Audiência Geral, desta quarta-feira, 11, dedicado a um tema urgente e decisivo para a vida cristã: a paixão pela evangelização, ou seja, o zelo apostólico.

Segundo o Pontífice, “trata-se de uma dimensão vital para a Igreja: com efeito, a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica, missionária, não proselitista, e isso desde o início tivemos que distinguir”. “Ser missionário, ser apostólico, evangelizar não é o mesmo que fazer proselitismo, não tem nada a ver uma coisa com a outra. É uma dimensão vital para a Igreja”, sublinhou.

Igreja em saída

O Santo Padre frisou que o Espírito Santo plasma a Igreja em saída a fim de que não permaneça fechada em si mesma, mas seja extrovertida, testemunha contagiosa de Jesus, destinada a irradiar a sua luz até aos extremos confins da terra.

Leia mais
.: Angelus: a Igreja deve ser como Deus, sempre em saída, afirma o Papa

Contudo, o Papa explicou que pode acontecer que o ardor apostólico e o desejo de alcançar os outros com o bom anúncio do Evangelho diminua. “Quando a vida cristã perde de vista o horizonte do anúncio, adoece: fecha-se em si mesma, torna-se autorreferencial, atrofia-se. Sem zelo apostólico, a fé esmorece. Ao contrário, a missão é o oxigênio da vida cristã: a tonifica e a purifica”, alertou.

Redescoberta da paixão evangelizadora

Em seguida, Francisco iniciou o caminho de redescoberta da paixão evangelizadora, começando das Escrituras e do ensinamento da Igreja para haurir das fontes o zelo apostólico. Depois, o Pontífice destacou que serão abordadas algumas nascentes vivas, algumas testemunhas que reacenderam na Igreja a paixão pelo Evangelho, a fim de que ajudem a reavivar o fogo que o Espírito Santo quer fazer arder sempre.

“No episódio evangélico do chamado do apóstolo Mateus, tudo começa com Jesus, que ‘vê’ – diz o texto – «um homem». Poucos viam Mateus como era: conheciam-no como aquele que estava «sentado no banco dos impostos». Era cobrador de impostos: ou seja, alguém que cobrava os tributos em nome do império romano, que ocupava a Palestina. Em síntese, era um colaboracionista, um traidor do povo. Podemos imaginar o desprezo que o povo sentia por ele: era um ‘publicano’”, comentou.

Mas, aos olhos de Jesus, frisou o Papa, Mateus era um homem com as suas misérias e a sua grandeza. “Jesus não se limita aos adjetivos, Jesus sempre procura o substantivo. ‘Este é um pecador, este é um tal…’ são adjetivos”, disse. O Santo Padre reforçou então que Jesus vai à pessoa, ao coração, esta é uma pessoa, este é um homem, esta é uma mulher, Jesus vai à substância, ao substantivo, nunca ao adjetivo, deixa passar os adjetivos.

“Enquanto entre Mateus e o seu povo há distância, Jesus aproxima-se dele, porque cada homem é amado por Deus. Este olhar de Jesus que é belíssimo, que vê o outro, quem quer que seja, como destinatário de amor, é o início da paixão evangelizadora. Tudo começa a partir deste olhar, que aprendemos com Jesus”, pediu.

Olhar de Jesus

O Pontífice convidou todos os católicos a fazer as seguintes perguntas: “Como vemos os outros? Quantas vezes vemos os seus defeitos e não as suas necessidades; quantas vezes etiquetamos as pessoas pelo que fazem ou pensam! Até como cristãos, dizemos: é ou não é dos nossos? Este não é o olhar de Jesus: Ele olha sempre para cada um com misericórdia e predileção”.

Segundo o Papa, os cristãos são chamados a fazer como Cristo, olhando como Ele, especialmente para os chamados “distantes”. Efetivamente, explicou, a narração da chamada de Mateus conclui-se com Jesus que diz: «Não vim chamar os justos, mas os pecadores!». Para Francisco, se cada um se sente justo, Jesus está distante, pois Ele se aproxima das limitações e misérias humanas para curar.

Movimento

Portanto, tudo começa pelo olhar de Jesus, enfatizou o Pontífice. “A isto segue-se – segunda passagem – um movimento. Mateus estava sentado no banco dos impostos; Jesus disse-lhe: «Segue-me!». E ele «levantou-se e o seguiu». Observemos que o texto realça: ‘levantou-se’.

Por que este detalhe é tão importante? Porque, naquela época, quem estava sentado tinha autoridade sobre os outros. Em síntese, quem estava sentado tinha poder. A primeira coisa que Jesus faz é separar Mateus do poder: do estar sentado para receber os outros, põe-no em movimento rumo aos outros; fá-lo deixar uma posição de supremacia para o colocar no mesmo nível dos irmãos e para lhe abrir os horizontes do serviço”, lembrou o Santo Padre.

O Pontífice sublinhou que é isto que Cristo faz, e isto é fundamental para os cristãos: “Nós, discípulos de Jesus, nós, Igreja, permanecemos sentados à espera de que as pessoas venham, ou sabemos levantar-nos, pôr-nos a caminho com os outros, procurar os outros?”.

Um olhar, um movimento e, no final, uma meta, frisou o Papa. Jesus vai à casa de Mateus e, ali, Mateus prepara-lhe «um grande banquete», no qual «participa uma grande multidão de publicanos». Mateus regressa ao seu ambiente, mas volta mudado e com Jesus, comentou o Santo Padre.

Zelo apostólico

“O seu zelo apostólico não começa num lugar novo, puro e ideal, mas lá onde vive, com as pessoas que conhece. Eis a mensagem para nós: não devemos esperar ser perfeitos e ter percorrido um longo caminho atrás de Jesus para dar testemunho d’Ele; o nosso anúncio começa hoje, lá onde vivemos. E não começa procurando convencer os outros, mas testemunhando todos os dias a beleza do Amor que olhou para nós e nos fez levantar”, destacou.

Com efeito, Francisco ressaltou um ensinamento do Papa Bento XVI: a Igreja não faz proselitismo. Ao contrário, ela desenvolve-se por atração. De acordo com o Pontífice, este testemunho atraente e jubiloso é a meta para a qual Jesus conduz a todos com o seu olhar de amor e com o movimento em saída que o seu Espírito suscita nos corações.

Postagens relacionadas

Dogmas da Igreja Católica?

Eraldo

São João Clímaco

A alegria da missão

Eraldo

Deixe um comentário

Este site usa cookies para melhorar sua experiência. Vamos supor que você esteja de acordo com isso, mas você pode optar por não participar, se desejar. Aceitar Leia mais

Politica de privacidade & Cookies
×