Viterbo, próximo a Roma, Itália, é uma cidade importante para a igreja, pois abrigou conclaves e serviu de refúgio para diversos Papas. Ali nasceu Rosa, em 1233, de família pobre e humilde. Seus pais a educaram desde cedo na Fé. Ela nasceu sem o esterno, osso maior e central na parte anterior do tórax, e em teoria estava condenada a morrer em três anos, pois nestes casos não há sustentação suficiente para o esqueleto.
Desde tenra infância possuía dons místicos. Aos três anos, rezou ao lado do caixão de uma tia e esta ressuscitou. Entende-se que esta foi também uma ressurreição para a fé de Viterbo, na época em que havia duro confronto entre o partido dos guelfos, que apoiavam o Papa Inocêncio IV, e o dos guibelinos, apoiando o imperador Frederico II, autoritário e abusando dos seus poderes.
Rosa vivia asceticamente, buscando a oração e penitências. Aos sete anos, vítima de uma febre, apareceu-lhe Nossa Senhora, que a curou e confiou uma missão: visitar as igrejas de São João Batista, Santa Maria do Oiteiro e São Francisco, e pedir admissão na Ordem Terceira de São Francisco.
Aos 11 anos procurou o Convento de Santa Maria das Rosas, mas as freiras a recusaram, pela falta de estudo e constituição frágil, sem o esterno. A santa menina lhes disse: “A donzela que repelis hoje há de ser por vós aceita um dia, com alegria, e a guardareis preciosamente”. Rosa então transformou seu quarto numa cela de religiosa e assim viveu os seus últimos anos de vida.
No ano de 1247 Viterbo, fiel ao Papa, caiu nas mãos do imperador Frederico II, herege cátaro (ou albigense, professando o dualismo – um Deus bom e um deus mal –, a reencarnação e uma suposta “pureza superior” para os escolhidos, manifesta no celibato). Após uma visão de Cristo crucificado, Rosa, com 12 anos, foi impelida a sair às ruas, pregando contra os hereges com um crucifixo nas mãos.
Atraía multidões tão grandes que por vezes não era possível vê-la; numa destas ocasiões, levitou até uma altura suficiente, o que foi confirmado por milhares de testemunhas e noticiado por toda a Itália. Em consequência das pregações, ocorreram conversões, retorno de hereges à Igreja, e a reconciliação com o Papa.
Denunciada ao imperador, a quem também questionava, Rosa foi levada a ele, que a proibiu de pregar. Sua resposta foi, “Quem me manda pregar é muito mais poderoso e, assim, prefiro morrer a desobedecê-Lo”. Frederico mandou prendê-la, mas temendo uma revolta na cidade, deportou-a com seus pais para Soriano nel Cimino, aonde chegaram depois de muitas privações na neve. Mas tanto ali quanto em outra cidade, Vitorchiano, Rosa já era conhecida, foi muito bem recebida e continuou sua missão. Na noite de quatro para cinco de dezembro, ela teve uma visão da morte do imperador, de fato ocorrida no dia 13.
Em 1250 Viterbo voltou ao domínio papal, e Rosa para lá retornou como heroína. Mas contraiu uma doença e faleceu com 18 anos, provavelmente em 6 de junho de 1251, sendo sepultada na terra nua, próximo à igreja de Santa Maria no Poggio.
A exumação do corpo, pedida pelo Papa Inocêncio IV, revelou-o intacto, incorrupto e flexível. Foi então transladada para o Mosteiro das Clarissas (renomeado depois para Mosteiro de Santa Rosa), hoje seu Santuário. Assim, Rosa acabou aceita, como dissera, neste convento. Apesar de um incêndio em 1357, seu corpo, até então incólume, continua incorrupto.
Excepcionalmente, Santa Rosa de Viterbo tem duas festas litúrgicas oficiais, 6 de março na sua morte, ou início da vida celeste, como para todos os demais santos, e 4 de setembro, data da sua transladação em 1258. Desta ocasião, ficou tradicional a procissão com a Máquina de Santa Rosa, uma estrutura de madeira e tecido sempre mais cuidada. A festa é atualmente reconhecida pela UNESCO como patrimônio mundial da humanidade.
Santa Rosa é padroeira da Juventude Franciscana e da Juventude Feminina da Ação Católica Italiana, e também dos exilados.
Reflexão:
O que sustenta a nossa vida não depende dos ossos e da carne, mas da comunhão com Deus; não do esterno do esqueleto nem do externo à Fé; buscar a intimidade com o Senhor e a ortodoxia dos Seus ensinamentos na Igreja é tarefa de todo cristão, desde a infância até o momento da morte física. Poucas obras são tão importantes, especialmente em ocasiões de crise espiritual na Igreja – como hoje acontece por exemplo por causa da herética “Teologia da Libertação” – do que o ensinamento correto da Doutrina e da Verdade, como fez Santa Rosa de Viterbo.
O pão espiritual é muito mais importante do que o pão material, pois o corpo morre cedo ou tarde, em melhores ou piores condições, mas inevitavelmente; porém à alma é destinada a vida infinita, e para ela só há céu ou inferno, de modo definitivo. O corpo doente de Santa Rosa faleceu, e antes sofreu provações na pobreza e dificuldades, mas nele o reflexo incorrupto da sua alma em santidade dá ainda hoje o testemunho muito concreto de que fundamental é unicamente o destino do espírito.
Oração:
Senhor, que nunca nos deixais faltar o que realmente importa para a verdadeira Vida, seja ao corpo ou à alma, concedei-nos por intercessão de Santa Rosa de Viterbo a coragem e o ardor de viver e proclamar firmemente a Fé, sem temor dos poderes deste mundo, pois só assim estaremos de fato fazendo o Bem, ajudando os irmãos a chegarem a Vós. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.
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